Cercania

O pombo era o mal necessário daquela cidade,
As amêndoas também.
Os mendigos, o lixo, o asfalto.
Aquele tapete que o passante pisa.
Sem chão não há passante.
Uns poucos flutuam, o resto se arrasta,
O certo é que ninguém se importa,
Mas todos precisam dele
Para seguir para os lados.

Toca pro lado, nas sarjetas paralelas
E os quarteirões quadrados caretas
Não deixam ver a curva do mundo
Que não é redondo.
A esfera é perfeição geométrica
E nosso chão é indigno e imperfeito.
Tem praia, tem montanha,
Mas isso tudo é loteado.
Pra vencer essa organização artificial
Só mesmo o mal,
O mau,
O pombo, o mendigo, o asfalto esburacado.

A fórmula para acordar aquela cidade
Era o cerco do lixo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Surpreenda-me.