Em fogo brando

chorei baixinho fazendo o almoço
mas não tem nada não
a gente só sabe cozinhamar refogando cebolas

Meu corpo lateja o teu nome em código morse

embaça o campo em profundidade
na retina desvairada pelos carros cortando
a cem por hora talvez menos
meu corpo lateja o teu nome em código morse
e eu tenho um déjà vu no qual sonhava
um sonho de dançarinas a se lançar
pelo parapeito

pousando em terra batida, as dançarinas
gesticulam ritos balineses
suspendendo os flocos de terra por um instante
|
in fi ni t_æsimal
|
te vejo à meia luz na plateia povoada de rostos
angustiados enquanto o espetáculo não cessa
e te chamo, a voz não sai

já indo às tantas da noite desperto do sonho
em seguida desperto do déjà vu
e me deito
sem você
saber ao certo o tamanho das
minhas pupilas no escuro da sala
até onde sei, já estão maiores
do que esse apartamento
e ainda crescendo