A geometria nasceu em berço turco

meu corpo
desconforto
a pisada fora do ritmo entrelaça os pés
na transposição dos riscos na calçada
os braços pendem dos ombros
tanto pelo descompostura aprendida nos anos
quanto pelo peso do céu
o descanso reside em esquecer as pequenas
desproporcionalidades ao redor
tanta aresta
tanta brutalidade
meu corpo, nem sei
com quantos compassos se traça o homem
quem sabe?
a memória funciona em circuncírculos
que avançam no plano em intervalos de
centímetros, no espaço de um segundo e mais outro e mais
outro, mantendo essa fina
mediatriz entre o desapegar e a proa

(o ortocentro encontra-se fora
do triângulo, se este for obtuso)

e meu corpo segue em desalinho
escorregando pelas beiradas da cama
reunindo essa poça disforme, de área incalculável
que aspiraria ao infinito se houvesse algum humor
nos ditames geométricos de minha composição
mas eu sobro líquido, quase riso
e volto a esquecer as pequenices
quem lembra
de todo o peso? todo o céu?
tanta possibilidade
tanto padrão
as repetições quase satisfazem, as estruturas
o mínimo basta para deitar
o peso do céu na barriga de Geia
o peso dos ombros no chão do quarto
roçando o braço na barra do lençol com
desenhos cartográficos
e descansar