O machado desce.
o machado sobe o filho tem anos de menino e ainda não pode se chamar de lenhador, assim se evita a confusão com o próprio lenhador, ele mesmo o único da profissão nas léguas que cobrem daquela casa escondida até a cidade o noroeste é longe e o filho gosta de quando vão à cidade comprar charque com o escambo do carvão que fazem no fundo da casa a sujeira e as sarjetas da urbe enjoam o lenhador, que respira lento o ar puro da floresta e desinfla a força
O machado desce.
o machado sobe canta o tordo sem se abalar com os golpes do lenhador cem línguas ele fala, dizia o avô quando ainda ao redor, e cem assobios imitava o tordo junto ao velho um machado nunca vence o assobio, este tem a harmonia do continuar o machado toca uma nota repetida no ouvido do filho, nota repetida que lembra o avô, nota e arrisca imitar o tordo nas madeiras negras que cercam a casa, só há lenha e tordos para se orquestrar
O machado desce.
o machado sobe o lenhador repara no filho e lembra do avô ele se percebe pai dos passos do filho já não sabe se o filho será tordo ou lenhador, mas ele mesmo espera um dia ser avô
O machado descansa. O pai assobia ou chama o filho às achas de madeira.
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Surpreenda-me.