a cada lufada, o vento me rasga um corte
na pele e se abrem poros
que vazam tempo
pedalo
meu corpo demanda menos para sustentar
eu tenho tempo
tempo
e produzo na mesma
medida em que ele escorre
em proporções irregulares e justas pelos cortes
sinto os músculos trabalhando em
cada pedalada e o asfalto não
oferece atrito na bike velha
as rodas famintas sorvem o asfalto
e as pessoas passam
tempo asfalto crianças
e a matilha de vira-latas tão dona
da ciclovia quanto eu
felicidade dói
mas a dor sai
barata
no escambo com a sorte