o café frio que me serve não
estraga o gosto que ficou
do seu cabelo
embora embrulhe um pouco o estômago
no trajeto para casa
eu me perco
em pensamentos de futuro do pretérito
o que seria de quinta
sem o teu bom dia?
chego em casa, tiro a roupa
e me sobe o aroma de suor
de novo
repito os passos até aqui
para lembrar se não sonhava
para lembrar do seu rosto
de mil cheiros e faces
que não enxergo com a miopia, mas
com a palma da mão que toca as curvas
da bochecha rosada de calor e tesão
ou vergonha tola sob o meu corpo
eu desbravo cada polegada desvairada
da epiderme que protege teus órgãos
da pressão do mundo lá fora e
desço a beijar sua flor
meio arisco
meio carinho