E uma manhã cinzenta de domingo
Na janela, nada mais que um pingo
Quando um fantasma cruzou comigo
Escuto a orquestra do frio
Eu fumo, eu faço fumaça
Eu sou o fantasma em mim
Da morte, matriz; morreu-me a massa
O tempo passa?
O tempo é frio, mas me assa
Me cozinha,
Me enlaça
E enquanto o nada me abraça
Simplesmente esqueço os meios
Absorto em uma visão branca
Me esqueço, me perco, me fluo
Mas que desgraça!
Nunca na vida senti tanto frio
O vidro, meus suspiros embaça
E eu torcendo pra não acabar no vazio
E quando finalmente faço sentido
Sol, céu e mar se invertem
Acabando com o meu abrigo
E no meu mundo se metem
Gelado trio
Amo, da tortura, o frio!
Forte tempo, com força eu torço
Para que, em um tempo largo
Quando eu for mais moço
Seja desse roto rebanho o mago
Que agite do gado o osso
Sol, céu e mar: magros como o tempo
Mar, céu e sol na ponte sobre um rio
Caudaloso com seu vento frio
Gelado trio
Amo, da tortura, o frio!
De autoria conjunta de Arthur Rivelo, Fernanda Prestes, Fernanda Novaes, Gabriel Menezes, Júlia Kastrup, Leonardo Fiuza e Rafael Spínola.
produção conjunta é muito produtivo, raízes no consegnato, passando por roteiro pra curta e produção em sala de aula!
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